é comum buscarmos em sonhos, aspirações e habilidades de quando éramos crianças, uma resposta para a cansada pergunta do momento que nos instiga a "encontrarmos nosso verdadeiro propósito." Aquilo que somos realmente.

calma. Então o que eu sou agora não sou eu?

minha facilidade de conhecer pessoas, minha boa memória para lembrar seus nomes e meu instinto de ajudá-las no que eu puder? Não sou eu? O fato de que hoje, criar relações profundas se tornou uma atividade natural não esconde o meu passado tímido, avoado e recatado.

talvez o que realmente nos define não sejam nossas facilidades... mas nossas dificuldades?

ou talvez, nossas características mais marcantes, hoje, sejam aquelas adquiridas através da superação de nossas maiores dificuldades?

fiz uma rápida pesquisa nada científica com 5 dos meus melhores amigos para saber o que eles mais admiravam em mim. O ponto mais citado foi a minha capacidade de observar, absorver e entender as pessoas ao meu redor - e assim me conectar de forma significativa com elas.

fiquei feliz em ouvir isso. Um bom retorno para um tímido crônico, haha

mas é claro que autoconhecimento é importante. Uma das práticas mais essenciais e constantes para o autodesenvolvimento, se me perguntar. Mas me incomoda a onda do "preciso me encontrar" sem a consciência de que você já é, hoje, fruto de muita busca, batalhas e quebra de barreiras.

a busca é incessante e não pode ser desculpa para não vivermos ao máximo agora, com aquilo que já temos. Sinto que precisamos buscar menos e viver mais. Você não vai encontrar sua essência em um livro de auto-ajuda quântica ou masterclass online interstelar. Sua personalidade é como o seu abdômen. Quanto mais você rala, mais se define.

e, apesar de trazer desde a minha infância uma confiança exagerada, eu também, por vezes, me sinto desesperadamente sem rumo. E quando paro para analisar o porque, quase sempre se resume a eu estar me comparando com outras pessoas em contextos totalmente diferentes ao ser inundado pelas milhares de opções que nos afogam diariamente pelas mídias digitais.

aí eu lembro de me lembrar: você não está perdido, Marcos.

você só está distraído.