“AND LOVE…LOVE WILL TEAR US APART, AGAIN”


Quem nunca ouviu este refrão? Quem nunca cantarolou-o junto com a rádio numa dessas tardes frias e chuvosas? Ou dançou-o em passos nostálgicos em meio a tons sintetizados duma madrugada qualquer de quinta-feira na Augusta? A música foi escrita e interpretada por Ian Curtis em 1979 e é a mais conhecida de sua banda, o Joy Division. O músico cantautor criou a letra em agosto daquele ano, apenas 8 meses antes de sucumbir aos próprios fantasmas e cometer suícido aos 23 anos de idade.

“A EXISTÊNCIA...BEM...DE QUÊ IMPORTA? EU EXISTO DA MELHOR FORMA QUE EU POSSO”

Ian tinha 11 anos na sua primeira e última formatura do colégio. Apesar de não se interessar muito pelo lado acadêmico, desde muito cedo o garoto inglês já demonstrava aptidão para composição de música e poesia.

Enquanto trabalhava seu lado artístico, ganhou também uns trocados trabalhando numa loja de discos. Curtis batalhou para ganhar seu dinheiro próprio desde que se entendeu por gente e assim foi por toda sua vida. Com suas moedas suadas, foi assitir um show do Sex Pistols em 1976 e decidiu ali mesmo que não queria estar no meio daquela multidão – seu lugar era no palco.


O moleque era persistente. Foi por sua insistência que encontrou um cartaz de dois garotos querendo formar uma banda; foi sua cabeça-dura que os fizeram mudar de baterista diversas vezes até encontrarem o ideal; foi sua determinação que ganhou um contrato de gravação e uma aparição da banda num programa de TV da gravadora – a ponto de escrever cartas abusivas para o dono da empresa diante de suas respostas negativas.


A maioria das letras de Ian contemplam assuntos relacionados a morte, violência e degeneração urbana. Em 79, a banda já havia conquistado seu espaço com suas músicas depressivas. O cantor defendia que sua inspiração era proveniente da maneira como as pessoas lidavam com seus problemas, mas suas músicas eram na verdade uma extensão de sua psique conturbada. Nos palcos, Curtis transparecia toda sua instabilidade dançando de uma maneira um tanto quanto inusitada, possivelmente para mascarar os ataques epilépticos que sofria em alguns shows.

“O PASSDO AGORA FAZ PARTE DO MEU FUTURO. MEU PRESENTE ESTÁ BEM ALÉM DO MEU CONTROLE”

Com a rápida ascensão do Joy Division, veio a rápida deterioração da saúde de seu líder. As longas jornadas das turnês e a epilepsia estavam tirando as forças de Ian, enquanto ele tentava equilibrar as pressões da fama, do casamento, de sua recém-nascida filha e do caso extraconjugal que estava tendo com uma jornalista.

“ELE JÁ NÃO NEGA MAIS, TODOS OS FRACASSOS DO HOMEM MODERNO”

Nada disso explica, contudo, porque naquela fatídica manhã de 18 de maio de 1980, pouco depois de ter assistido ao filme Stroszek, de Werner Herzog, Ian Curtis se enforcou com o varal na cozinha de sua casa, ao som do álbum The Idiot, de Iggy Pop. Foram 4 anos intensos que garantiram o lugar de Ian na história, além de reconhecimentos como o título de melhor música escrita nos últimos 60 anos, para Love Will Tear Us Apart, por uma das mais conceituadas revistas da área musical.

“QUANDO A ROTINA É DURA E AS AMBIÇÕES NÃO A SUSTENTAM; QUANDO OS RESSENTIMENTOS ESTÃO EM ALTA MAS O SENTIMENTO NÃO CRESCE; ESTAMOS MUDANDO NOSSOS PASSOS, ANDANDO EM DIREÇÕES OPOSTAS
– O AMOR VAI NOS SEPARAR NOVAMENTE”

Até a semana que vem meus caros leitores! : P