Indiferente ao fato de ter nascido negra em 1917 nos Estados Unidos, a menina Ella sempre teve o sonho de ser dançarina. Ao mesmo tempo, durante sua juventude, escutava encantada a canções de jazz de Louis Armstrong e outros figurões da época. Outra figura importante em sua vida era sua mãe. Era ela quem trazia e mostrava a sua filha novas melodias repletas de ritmo e instrumentos de sopro. E foi a morte dela, vítima de enfarte, que deixou a menina sem chão. Ella ficou traumatizada, deixou de frequentar as aulas e se jogou na vida. Virou vigia de um bordel e em uma casa de apostas filiada à máfia. Envolveu-se com assuntos duvidosos, foi presa e enviada a um reformatório. Fugiu, viveu de esmola na rua até ser internada num asilo de ófãos negros no Bronx, em Nova Iorque. Esses foram os 16 primeiros anos de vida daquela que se tornaria uma das maiores cantoras do século XX.

“NÃO É DA ONDE VOCÊ VEM, MAS PRA ONDE VOCÊ VAI, QUE CONTA.”


Ella Fitzgerald, ou Lady Ella. Cantou pela primeira vez num teatro no Harlem em 1934. Ela ainda queria dançar, mas o público começou a voltar para vê-la cantar. Fitzgerald percebeu que aquela história poderia dar certo quando ganhou, na competição Amateur Night do mesmo teatro, o super prêmio de primeiro lugar: - vinte e cinco dólares.

“É SÓ NÃO DESISTIR DE FAZER O QUE REALMENTE QUER FAZER. ONDE HÁ AMOR E INSPIRAÇÃO, NÃO HÁ COMO ERRAR.”


Foram 59 anos de carreira. Ella cantou com diversos artistas, bandas, orquestras e gravadoras antes de se lançar numa carreira solo. Uma de suas célebres parcerias foi com um dos seus ídolos Louis Armstrong, com quem gravou três albuns intitulados Ella and Louis. Interpretou diversos artistas durante sua trajetória, incluindo um álbum inteiro dedicado a Tom Jobim, chamado de Ella Abraça Jobim. Fitzgerald possuía uma voz poderosa que abrangia três oitavas, e se tornou conhecida pela pureza de seu canto, de tonalidade e dicção impecáveis. Especializou-se na técnica do Scat, habilidade criada por Armstrong, que consiste em sonorizar sílabas desconexas, que ressoam como um instrumento de sopro.

“A ÚNICA COISA MELHOR QUE CANTAR, É CANTAR.”

Ella Fitzgerald era uma menina extremamente tímida, mas isso não a impediu de ganhar 14 prêmios Grammy e duas medalhas das mãos de dois presidentes: - a Medalha Nacional da Artes e a Medalha Presidencial da Liberdade. No meio tempo arranjou tempo e coragem para se casar com dois ou três homens: - Um traficante, um baixista e um jovem norueguês desconhecido. Mais além, participou de quatro filmes americanos, bem como diversos comerciais de TV, para empresas como KFC e American Express.

"NÃO QUERO DIZER A COISA ERRADA, O QUE EU SEMPRE ACABO FAZENDO. ACHO QUE ME SAIO MELHOR QUANDO CANTO."

Seu desejo é uma ordem, Ella!

Sua carreira foi interrompida pela diabetes, que lhe renderam um par de olhos obsoletos e um par de pernas amputadas, pouco tempo antes de sua morte em Beverly Hills, em 1996, aos 79 anos de idade.


Até a próxima, e uma ótima quinta-feira!  : P