pra ser sincero, eu até pensei em falar pra você que fiz esse experimento de forma planejada, que me afastei das redes sociais por alguma luz divina ou porque não preciso destes estímulos mundanos dessa teia que nos envolve diariamente entre o real e o fake da nossa realidade hiperconectada.

mas isso não ia tá muito conectado com a realidade, né.

depois de 18 meses em off, estou de volta na atividade, usando mais do que nunca o Instagram, o Linkedin e até mesmo, acredite se quiser, o Facebook.

e o Whatsapp, bem, esse nunca parei.

a verdade é que você, assim como eu, também é, estatisticamente, um viciado convicto das micro-doses de dopamina e endorfina que recebe a cada coraçãozinho de like ou balãozinho de comment nas suas redes digitais.

bom, talvez você - sim você que está lendo agora - não seja tanto assim...

mas certa vez um estudo mostrou que pessoas num escritório típico dão uma checada no email pelo menos 40 vezes por hora. E que o adolescente americano comum manda uma média de três mil mensagens de texto por mês. E que metade da população mundial está ativamente conectada nas redes sociais por (em média) 2 horas por dia. E que 67% destes usuários estão no Facebook, e quase a metade destes são mulheres e 1/3 destas checam o seu feed assim que acordam (antes de ir ao banheiro). E que o sono precário, o FOMO, o bullying, a ansiedade e tantas outros fenômenos "modernos" com nomes estranhos estão cada vez mais comuns dentro de casa, na escola, no trabalho e em todos os outros meios sociais que são naturalmente permeados pelos meios virtuais.

como você se sente lendo isso? Com medo pro futuro? Não se preocupa muito com as consequências disso? Ou talvez... já tenha se sentido o sobrepeso de informações nas suas funções congitivas no final de um dia de muitas horas olhando pra tela...?

pior que essa onda me acertou também

era uma terça-feira qualquer e eu estava iniciando um dia normal de trabalho. Algum video me enganchou a atenção no Facebook. 60 minutos depois eu ainda estava lá, assistindo uma corrente perversa de videos incriveis especialmente sugeridos para mim. E eram legais mesmo! Alguma coisa sobre exploração espacial ou alguma descoberta científica intrigante. Ou seja, inúteis pro que que precisava fazer naquele momento.

ok - talvez você esteja pensando que... todo mundo já sabe disso. Ou talvez você tenha achado que esse texto era sobre o que eu tinha aprendido fora das redes e não o que eu tinha sentido dentro - porque isso, bem, provavelmente você já sentiu isso também.

e voce está cert@. Então, posso trazer um pouco de contexto pra essa história?

é isso, nós somos dependentes da tecnologia, mas tá tudo bem.

já sabemos que eu e você (e a maioria das pessoas que estão lendo agora), dependemos da internet para viver uma vida confortável. Nosso trabalho depende disso, nossas conexões sociais, nossas fontes de informação, inspiração e aspiração. Está tudo aqui. E que lindo isso - uma ótima era para estar viv@.

e por isso, quando decidi ter uma agência de marketing sem escritório fixo, eu basicamente enfiei o pé no barro e assumi que, bom, se estamos nessa lama, eu vou bem aproveitar e nadar de braçada e peito aberto nela.

criei uma conta no Instagram, falei da minha história e estilo de vida, fiz uns videos ensinando alguma coisa que eu sabia, ganhei seguidores, conquistei clientes, decidi viajar pelo mundo e compartilhar minhas experiências, e assim ganhei mais clientes e pude continuar nessa jornada no mais caricato estilo "nômade digital" com o computador nas costas e o celular no tripé.

mas no meio do caminho, enquanto eu trabalhava em alguma praia paradisíaca (mentira, eu tava na casa de uma amiga em Madrid, acho) estava tão atolado de trabalho e tantas demandas sociais virtuais que não tava tendo nem tempo de aproveitar a companhia nem aquela incrível cidade.

e por isso acabei por, aos poucos, me tornar um nômade desconectado.

e era muito mais importante (pra mim, pelo menos) entregar os resultados pros meus clientes que ver estatísticas de alcance do highlights dos meus stories.

mas não foi uma decisão. Eu simplesmente me deixei levar, sabe?

e, por algum milagre divino, mesmo sem as ferramentas de distribuição virtuais, minha agência não faliu. Os clientes continuaram vindo. E eu passei a aproveitar mais aquela jornada de exploração.

pude criar conexões reais, sociais e, creio, neurais que me permitiram entender melhor quem eu era, enxergar melhor meus comportamentos e simplesmente sentir mais. Pude estudar mais a fundo sobre temas de meu interesse. Experimentar coisas novas, contemplar e processar melhor todos os milhares de estímulos palpáveis que estavam à minha volta.

calma, ficou abstrato pra caramba isso.

resumindo, eu vivi como nunca antes, imerso totalmente no presente. E isso só foi possível porque eu não estava distraído com mil outras notificações de micro-acontecimentos de vários outros lugares que eu levaria uma vida toda para chegar caminhando.

e dá uma paz de espírito não ter mais este item na sua lista de tarefas diariamente, que envolve criar algo novo, expor minhas ideias e sentimentos e ainda correr o risco de ser julgado por uma massa enorme de pessoas consumindo o meu conteúdo que me faria meu estômago girar só de ver tanta gente reunida numa mesma platéia.

será que precisamos de tanta conexão?

eu tenho consciência que um dos grandes fatores que me permitiram fazer uma viagem pelo mundo foram as redes sociais. Contatos, reputação, alcance.

mas talvez toda essa conexão virtual não seja tão importante assim. Talvez existam clientes suficientes no meu bairro. Talvez a livraria da esquina já tenha mais informação disponível que eu conseguiria consumir durante toda minha vida. Talvez a praia mais próxima já tenha amigos e amores suficientes para me satisfazerem até os últimos dos meus dias.

talvez, só talvez, nada do que está acontecendo agora, que não esteja ao seu alcance visual, que não faça parte do seu plano futuro próximo, ou que não envolva conexões verdadeiras que você tem com pessoas que te fazem bem, nada além disso, importa pra você viver uma vida feliz e confortável.

a única coisa que você vai perder ao temer perder o que não está no seu campo de visão imediato, é o presente que é o seu presente, agora. E se você insistir nesse medo, esse também será o seu maior arrependimento no futuro ao olhar pro seu presente, de agora.

afinal, era assim que vivíamos antes da era da informação em massa, quando as fofocas não eram dos famosos distantes, mas do Joãozinho da padaria.

eita acho que tô me perdendo no tempo-espaço dessa narrativa.

o que isso significa pra você?

será que precisamos todos desconectar um pouco, pra poder viver uma vida mais tranquila, significativa, focada?

talvez isso seja importante pra algumas pessoas. Mas depois de 18 meses desconectado, eu entendi que...

eu quero é me conectar ainda mais.

para focar não significa que precisamos nos desconectar. Sério. Beleza, talvez por algumas horas, como foi preciso para escrever esse texto. Mas a verdade é que você tem um cerebro bem do poderoso e consegue decidir focar quando você bem quiser para produzir o que você bem entender.

ao longo de milhões de anos essa massa cinzenta que habita nossa cabeça desenvolveu a incrível capacidade de abstrair os estímulos desnecessários do nosso meio ambiente, armazenar as coisas importantes no nosso subconsciente e memória de longo prazo, e focar na consiência e memória ativa para conseguirmos preparar nosso jantar e cuidar da nossa comunidade.

não é de se admirar que pelo decorrer de apenas uma geração ainda não sejamos peritos em equilibrar todos esses pratos e filtrar tudo o que é ou não importante de tantas informações que são jogadas na nossa tela diariamente.

então não se sinta tão culpado de se perder nos feeds de vez em quando.

eu voltei pras redes por um motivo muito simples. Eu gosto de compartilhar o que eu aprendo. Eu me sinto um sortudo de estar vivo nessa época, onde todas as informações sobre a nossa concepção de vida estão disponíveis a um clique de distância e tudo está ao nosso alcance. E porque eu entendi que o problema de sobrecarregamento de informações não estava nas redes sociais mas sim, na minha capacidade de filtrar o que é importante ou não para mim.

e aqueles fantasmas e as suas demandas?

enquanto eu estava desconectado eu entendi que a minha distração era apenas fruto da minha imaturidade como humano de lidar com todos esses estímulos que ainda são novidades para nós.

estar conectado novamente, criando conteúdo diariamente, encontrando pessoas e oportunidades novas e gerando, dentro do que posso, transformações positivas na minha esfera de influência, me mostrou que, viver todas aquelas experiências de desconexão nos últimos 18 meses não seria tão significativo assim, ao meu ver, se eu não tivesse a oportunidade de compartilhar a minha sorte e felicidade com o máximo de pessoas possível.

so hello, world :)


esse texto foi escrito com base em experiências e nessas referências que andei estudando:

Nicholas Carr: The Shallows - What the Internet Is Doing to Our Brains

126 Amazing Social Media Statistics and Facts

12 Alarming Stats About Social Media


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eu sonho, desde muito novo, poder viver em qualquer lugar enquanto empreendo com projetos que me tragam felicidade e façam da nossa sociedade um lugar melhor para se viver.

fundei a person.a, uma agência que trabalha exclusivamente com experts, para desenvolver negócios altamente escaláveis de serviços e de conteúdo, através de um posicionamento de marca pessoal eficaz, publicidade em redes sociais e ciclos de venda automatizados.

vivo há mais de 2 anos pelo mundo, me conectando com diferentes pessoas e lugares, enquanto escrevo e ajudo empreendedores a realizarem os seus próprios sonhos e negócios.